A História
A
Puxada de Rede, era a atividade pesqueira dos negros recém-libertos,
que encontraram na pesca do “xaréu” uma forma de sobreviverem, seja no
comércio, seja para seu próprio sustento. Nos meses decorrentes entre
outubro e abril, esses peixes procuravam as águas quentes do litoral
nordestino afim de procriarem. Então era a época certa para lançarem a
rede ao mar.
Era
uma atividade muito laboriosa. Exigia-se um esforço tremendo e um
número muito grande de homens para a tarefa. Os pescadores iam para o
mar de madrugada ou às vezes até à noite, para lançar a enorme rede,
para só então de manhã puxarem. A puxada da rede era acompanhada de
cânticos na maioria em ritmo triste que representavam o labor e a
dificuldade da vida daqueles que tiram o seu sustento do mar.
Além
dos cânticos, os atabaques e as batidas sincronizadas dos pés davam o
ritmo para que os homens não desanimassem e continuassem a puxar a
enorme rede, o que paradoxalmente dava um ar de ritual e beleza àquela
atividade. Quando enfim terminavam de puxar a rede, eram entoados
cânticos em agradecimento à pescaria e o peixe era partilhado entre os
pescadores e começava o festejo em comemoração.
A Lenda
Alguns contam que o ritual da Puxada de Rede começou com uma lenda.
Um
pescador saiu à noite para pescar com seus companheiros, como de
costume e apesar da advertência de sua mulher que o repreendeu acerca
dos perigos de se entrar em alto mar à noite, se embrenhou na imensa
escuridão do mar negro da noite, levando consigo apenas um a imagem de
Nossa Senhora dos Navegantes. Sua esposa pressentindo algo ruim, foi
para a beira da praia esperar o regresso do marido. Quando esta menos
esperava se surpreendeu com a visão dos pescadores voltando do mar muito
antes do horário previsto. Todos os pescadores voltaram com exceção do
seu marido que por descuido havia caído no mar e como estava escuro nada
puderam fazer. A recém viúva cai em prantos. De manhã os pescadores ao
puxarem a rede percebem que estava muito pesada para uma pescaria ruim e
ao terminarem de puxar a rede vêem o corpo do companheiro junto aos
poucos peixes que pescaram. Os companheiros então carregam o corpo do
pescador nos ombros em procissão, pois não tem dinheiro o suficiente
para pagar uma urna e fazer um enterro digno.
Hoje
E
foi assim que mesmo após a pesca do xaréu, quase se extiguir, que a
Puxada de Rede se tornou parte do folclore brasileiro. Hoje a Puxada de
Rede como manifestação folclórica é encenada nas praias de Armação,
Carimbamba e Chega Nego. Todas na Bahia. Durante a festa trabalham 126
homens, sendo 3 com funções especiais que são respectivamente, chefe,
chefe de mar e chefe de terra, os outros 123 tem funções como catadores,
homens de mar e homens de terra. São necessários 5 meses para a
confecção da rede e mais de um kilometro de corda. Durante a encenação
são entoados cantigas escravas como no tempo dos antepassados
Muitos grupos de Capoeira também, apresentam o ritual da Puxada de Rede, assim como o Maculelê, preservando assim, mais um elemento importante da nossa cultura e principalmente evitando que caia no esquecimento.
AXÉ
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